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Transplantes em Pacientes com HIV: tudo que você precisa saber

Se você ou alguém que conhece tem HIV e está precisando de um transplante, pode ser que ainda existam dúvidas sobre segurança, elegibilidade e o que a lei permite. A boa notícia é que, nos últimos anos, a medicina avançou bastante e o número de transplantes bem‑sucedidos em pessoas com HIV aumentou.

Antes de tudo, vale lembrar que o HIV não é mais visto como uma doença que impede o acesso a um órgão. Desde 2013, o Ministério da Saúde permite transplantes em pacientes que mantenham a carga viral sob controle e façam uso regular da terapia antirretroviral (TAR). Isso significa que quem tem o vírus sob controle pode ser considerado para o mesmo procedimento que qualquer outro paciente.

Quem pode receber?

Os critérios são parecidos com os de qualquer candidato: exames de compatibilidade, avaliação da função dos órgãos e a capacidade de seguir o tratamento pós‑transplante. No caso do HIV, os médicos também verificam se a carga viral está indetectável (menos de 50 cópias/ml) por pelo menos três meses e se a contagem de CD4 está acima de 200 células/mm³. Esses números mostram que o sistema imunológico está forte o suficiente para tolerar a cirurgia e evitar rejeição.

Além disso, o paciente precisa estar aderente à terapia antirretroviral. Falhas na medicação aumentam o risco de infecção e complicações. Se o histórico de adesão for bom, as chances de aprovação são bem maiores.

Riscos e benefícios

Como qualquer transplante, há risco de rejeição, infecção e efeitos colaterais dos imunossupressores. Para quem tem HIV, o risco de infecção pode ser um pouquinho maior, mas os estudos mostram que, com a carga viral controlada, a taxa de complicações é semelhante à da população geral.

O lado bom é gigantesco: melhorar a qualidade de vida, ganhar mais tempo de vida e evitar tratamentos dialíticos, por exemplo, no caso de transplante renal. Muitos pacientes relatam voltar a fazer atividades que antes eram impossíveis, como praticar esportes leves ou viajar sem medo.

Outro ponto positivo é que alguns medicamentos usados para evitar a rejeição podem interagir com a TAR. Por isso, a equipe de transplante deve montar um esquema de medicamentos que não cause conflitos. Em geral, os especialistas escolhem imunossupressores que têm menos interação, como o tacrolimo em doses ajustadas.

Se você está pensando em entrar na fila de transplante, converse abertamente com seu infectologista e o centro de transplantes. Eles vão analisar seu histórico, fazer exames e, se tudo estiver ok, encaminhar o seu caso para avaliação. O processo costuma envolver exames de sangue, imagem e, às vezes, uma biópsia do órgão que será transplantado.

Ficar por dentro das normas também ajuda. O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que os hospitais que realizam transplantes em pacientes com HIV tenham uma equipe multidisciplinar experiente. Verifique se o centro escolhido segue essas diretrizes.

No Brasil, os principais órgãos que já foram transplantados com sucesso em pacientes HIV são rins, fígado e coração. Cada caso tem suas particularidades, mas a mensagem geral é clara: o HIV não é mais uma barreira intransponível.

Em resumo, se a carga viral está controlada, a contagem de CD4 é adequada e você segue a terapia antirretroviral certinho, pode sim ser candidato a um transplante. Converse com seu médico, pergunte sobre opções e siga as orientações da equipe. A medicina já provou que é possível viver bem, mesmo com HIV, e um transplante pode ser o próximo passo para melhorar ainda mais sua saúde.

Davi Matos Lemos 15 outubro 2024 0

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