Com a formação oficial da comissão organizadora, o Governo de São Paulo tirou do papel um dos concursos mais aguardados da área de controle e integridade no país. O concurso CGE SP terá 200 vagas imediatas para Auditor do Estado, salário inicial de R$ 17.850, banca Fundação Getulio Vargas (FGV) e provas marcadas para 14 de dezembro de 2025. A Controladoria-Geral do Estado quer reforçar times de auditoria, TI, investigação e obras, mirando mais eficiência, prevenção a fraudes e governança pública.
A confirmação veio em audiência pública na Alesp, quando o controlador-geral do Estado, Wagner Rosário, antecipou que as nomeações devem ocorrer até junho de 2026, antes do período de restrições da legislação eleitoral. A mensagem é clara: há urgência para reforçar as frentes de fiscalização, especialmente em contratos complexos, concessões e no uso de tecnologias de análise de dados.
O edital ainda não foi publicado, mas os principais pontos já foram definidos pela CGE SP e pela FGV. Veja o que se sabe até agora:
As 200 vagas serão distribuídas por áreas de atuação, ajustando o reforço de pessoal ao que a CGE considera crítico hoje:
O desenho das áreas indica prioridade para duas frentes: tecnologia e investigação. A combinação de times grandes em TI e combate à corrupção reforça a aposta em inteligência de dados, monitoramento contínuo de contratos e cruzamento de bases para detectar sinais de fraude mais cedo.
O calendário foi montado para dar uma janela de preparação razoável: pouco menos de três meses entre o início das inscrições e a prova. A chamada entre maio e junho de 2026 segue a prática do setor público de evitar nomeações próximas ao período de restrições eleitorais, que começa três meses antes do pleito.
Auditoria (70 vagas) é o coração da CGE. Esse time atua na análise de despesas, conformidade de processos, execução orçamentária e avaliação de políticas públicas. Na prática, fazem desde auditorias temáticas em secretarias até revisões preventivas em compras e contratos. O foco é reduzir desperdícios, fechar brechas e orientar a gestão para que o gasto público gere resultado.
Em Tecnologia da Informação (60 vagas), o perfil esperado vai além do desenvolvedor tradicional. O desafio envolve governança de dados, segurança da informação, automação de rotinas de controle e, principalmente, analítica: criar modelos para identificar padrões atípicos em compras, folha de pagamento e convênios. Com mais especialistas, a Controladoria tende a escalar painéis de risco e fiscalização preditiva.
Investigação e Anticorrupção (50 vagas) é a parte mais sensível. Esse time atua em apurações internas, redesenho de controles e suporte a ações de integridade junto a órgãos do Executivo. É trabalho técnico, que exige método, cadeia de custódia de evidências e relatórios robustos, muitas vezes em parceria com corregedorias, ouvidorias e, quando cabível, outros órgãos de controle.
Em Obras e Concessões (10 vagas), a missão é olhar para contratos de infraestrutura, PPPs e concessões com lupa técnica. Isso inclui examinar orçamentos, aditivos, medições e matriz de riscos. Em contratos longos e de alto valor, um bom controle no início evita prejuízos que se arrastariam por anos.
Contabilidade e Finanças Públicas (10 vagas) fecha o ciclo com análise contábil, aderência a normas fiscais, acompanhamento de metas da LRF e transparência das contas. É a área que transforma dados brutos em informação confiável para decisão, do gabinete ao cidadão.
Para quem mira a carreira, o pacote é atraente: regime estatutário, estabilidade após estágio probatório, progressão por mérito e capacitação contínua. Benefícios seguem as regras do serviço público paulista, com férias, 13º e auxílios previstos em lei. A lotação deve ocorrer em unidades da CGE, com atuação que pode envolver visitas técnicas e trabalhos conjuntos com outras secretarias.
FGV como banca costuma cobrar provas longas, com enunciados densos e foco em interpretação. Em concursos de controle, o padrão inclui Direito Administrativo, Constitucional, Finanças Públicas, Contabilidade, Auditoria, Ética e temas de Governo Digital. A discursiva tende a exigir textos bem estruturados, com argumentação técnica e referência a normas, jurisprudência e boas práticas de gestão.
Sem edital publicado, vale organizar estudos por trilhas: base jurídica de controle interno, contabilidade aplicada ao setor público, auditoria governamental, administração pública, gestão de riscos, integridade e, para quem mira TI, ciência de dados, segurança, LGPD e governança. Em obras, orçamento, engenharia de custos e contratos; em investigação, técnicas de apuração e cadeia de custódia.
O cronograma definido dá pistas do nível de preparação necessário. Até dezembro, quem vem de fora da área deve construir uma base sólida e treinar questões de bancas recentes da FGV. Quem já atua com controle ou contabilidade pública pode focar na diferenciação: domínio de normas estaduais, leitura de relatórios de auditoria e prática intensa de discursivas.
Como se inscrever? O processo será pela página da banca, durante o período anunciado. A definição de locais de prova, regras de isenção da taxa, cotas, atendimento a pessoas com deficiência e conteúdo programático virá no edital. Documentos comprobatórios de escolaridade e, se houver, exigências específicas por área também serão detalhados ali.
Por que agora? A ampliação do quadro é resposta a uma agenda mais exigente: contratos complexos, transformação digital, transparência em tempo real e cobrança por resultados. Sem gente qualificada e tecnologia, o controle chega atrasado. Com uma leva de 200 auditores, a expectativa é encurtar prazos de análise, melhorar o diálogo com as áreas finalísticas e reduzir retrabalho, que pesa no caixa.
Para os candidatos, é uma chance rara. O volume de vagas é alto para o padrão de controle interno no Brasil, o salário de entrada é competitivo e a distribuição por áreas permite alinhar perfil e especialidade. O recado é direto: dá tempo de chegar competitivo em dezembro, mas só com método, prática em questões da FGV e foco no que cai para controle de gestão pública.
O edital vai dizer o resto — e o resto, aqui, é tudo: conteúdo programático, pontuação por disciplina, critérios de correção da discursiva, peso por área, títulos (se houver), etapas pós-prova e regras de desempate. Por enquanto, o cenário está traçado: banca definida, datas na mesa e um alvo claro para quem quer entrar na linha de frente da fiscalização em São Paulo.