Queda Acentuada no FII HCTR11 após Suspensão de Dividendos em Dezembro

Crise no FII HCTR11: Queda Acentuada e Dividendos Suspensos

O fundo de investimento imobiliário Hectare CE (HCTR11) tornou-se o foco de atenção no mundo dos investimentos nesta quarta-feira, 11 de dezembro de 2024, ao anunciar que não realizará distribuição de dividendos neste mês. A notícia desencadeou uma reação drástica no mercado, levando a uma queda de quase 20% no preço de suas cotas em um único dia. Esse movimento causou apreensão entre os investidores, que já enfrentam um ano desafiador devido às dificuldades enfrentadas pelo fundo.

Desafios e Queda de Valor

O HCTR11, conhecido por sua abordagem de investimento de alto risco, focaliza seus recursos em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), instrumentos financeiros que, embora possam oferecer altos retornos, também carregam uma carga significativa de risco. Nos últimos doze meses, o fundo enfrentou uma série de inadimplências em suas operações de CRI, refletindo diretamente em uma desvalorização de 44% nas cotas, conforme dados da Status Invest. Esse cenário preocupante não apenas afeta a confiança dos investidores, mas também coloca em evidência as fragilidades na gestão de ativos de risco elevado.

A suspensão dos dividendos em dezembro, anunciada na terça-feira, 10 de dezembro, foi a gota d'água para muitos investidores, que já estavam apreensivos devido ao desempenho do fundo. O valor patrimonial do HCTR11 está estimado em R$2,5 bilhões, enquanto o valor de mercado é significativamente inferior, situando-se em torno de R$400 milhões. Essa discrepância acentuada entre valor patrimonial e valor de mercado levanta questionamentos sobre a gestão e a viabilidade do fundo a longo prazo.

Posicionamento da Gestão e Reações do Mercado

A administração do HCTR11 afirmou que desde setembro de 2023 todas as pendências relacionadas aos CRIs inadimplentes foram renegociadas, e demonstrou otimismo quanto à possibilidade de incremento nas distribuições futuras. Apesar disso, a falta de dividendos neste mês gera um sentimento de incerteza entre os cotistas, muitos dos quais estão inclinados a questionar a transparência e a eficácia do atual corpo gestor do fundo.

O fundo distribuiu no mês anterior R$0,37 por cota, o que representou um retorno de 1,3% para os investidores à época da compra das cotas. Entretanto, esse histórico de distribuição recente não bastou para mitigar a insatisfação crescente entre um grupo organizado de investidores que detêm cerca de 3% das cotas do HCTR11. Tais investidores criticam a gestão, apontando uma falta de transparência, atrasos na divulgação dos resultados e possíveis conflitos de interesse como principais fontes de desconforto.

Ameaças de Mudança na Gestão

Esses investidores insatisfeitos articulam-se para possivelmente propor mudanças na gestão do fundo em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE). A massa crítica de cotistas descontentes é suficiente para inserir a proposta de substituição da administração na pauta da AGE, constituindo uma pressão adicional sobre o atual corpo gestor, que precisa urgentemente restaurar a confiança e reverter o clima de incerteza que permeia entre os investidores. Dessa maneira, o futuro do HCTR11 parece estar encoberto por nuvens de incertezas enquanto se aguarda para ver como o fundo lidará com os desafios iminentes.

O caso do HCTR11 serve como um retrato das complexidades associadas aos investimentos imobiliários de alto risco. Com a volatilidade inerente a esses investimentos e a necessidade de uma gestão altamente competente e transparente, o fundo se encontra em uma encruzilhada crítica. Como ficará evidente para os próximos meses, as decisões tomadas a curto prazo podem ter efeitos duradouros na percepção de risco do fundo e na trajetória de recuperação esperada por muitos de seus investidores.