O Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciou recentemente que o presidente Lula deu a sua aprovação para o fim do saque-aniversário do FGTS. Este programa, introduzido durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, permitia que os trabalhadores retirassem, anualmente, uma parcela de seu saldo do FGTS no mês do aniversário. No entanto, essa medida vinha acompanhada de uma grande desvantagem: ao aderir ao saque-aniversário, o trabalhador abria mão do direito de sacar o saldo total em caso de demissão sem justa causa.
De acordo com Marinho, um dos principais motivos para a decisão de cancelar o saque-aniversário foi o impacto financeiro que essa modalidade estava causando ao FGTS. Estima-se que a política estava drenando cerca de R$ 100 bilhões anuais do fundo, comprometendo investimentos em programas essenciais de habitação pública, como o programa Minha Casa, Minha Vida. Marinho classificou o saque-aniversário como uma 'injustiça' que precisa ser corrigida. O plano do governo é, portanto, enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional para tratar do assunto e reequilibrar a utilização dos recursos do fundo.
Em vez de simplesmente acabar com o saque-aniversário, a administração atual está estudando medidas alternativas que possam beneficiar os trabalhadores sem causar danos significativos ao fundo. Uma das propostas em análise é a extensão do crédito consignado a empregados do setor privado, uma modalidade de crédito que atualmente está disponível apenas para servidores públicos. Esta medida, se implementada com sucesso, poderia proporcionar uma forma de acesso ao crédito mais favorável aos trabalhadores, sem comprometer o saldo do FGTS.
Além disso, uma resolução aprovada pelo conselho curador do FGTS em junho deste ano permite a extensão do crédito consignado a microempreendedores e trabalhadores domésticos. Essas categorias geralmente enfrentam maiores dificuldades para acessar linhas de crédito tradicionais. A medida, portanto, pode representar um avanço significativo na inclusão financeira e no apoio a esses trabalhadores, promovendo maior estabilidade econômica e social.
A proposta do governo também busca garantir que os resultados do fundo sejam distribuídos de maneira equilibrada entre os seus beneficiários. Segundo Marinho, é essencial encontrar um meio-termo que proteja os direitos dos trabalhadores ao mesmo tempo que assegure o financiamento de políticas públicas importantes. Equilibrar essas questões é um desafio, mas é crucial para manter a sustentabilidade do FGTS e de seus programas associados.
A princípio, a ideia era abolir completamente o saque-aniversário. No entanto, após discussões e análises, a postura atual do governo é reformar o sistema em vez de eliminá-lo totalmente. Isso é visto como uma solução mais viável, considerando as complexidades envolvidas e a importância de assegurar tanto a liquidez imediata para os trabalhadores quanto o investimento em longo prazo em projetos de infraestrutura e habitação.
Assim, o futuro do saque-aniversário do FGTS será moldado pelas novas regras propostas, que deverão passar pelo crivo do Congresso Nacional. É esperado que, a partir dessas mudanças, haja um equilíbrio maior entre as necessidades dos trabalhadores e as demandas de financiamento público, garantindo que o FGTS continue a cumprir seu papel fundamental como um dos principais instrumentos de proteção e investimento social no Brasil.