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Motorista de ônibus é libertado após horas de sequestro na Zona Leste de São Paulo

Motorista de ônibus é libertado após horas de sequestro na Zona Leste de São Paulo
Davi Matos Lemos 1 maio 2025 9 Comentários

Sequestro chama atenção em plena hora do rush em Itaquera

Por volta das 17h20 do dia 30 de abril de 2025, o caos tomou conta do terminal de ônibus de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Adriano, 36 anos, ex-funcionário de uma empresa de ônibus, surpreendeu todos ao embarcar armado com uma faca em um veículo da linha 407L-10 (Barro Branco), já vazio, logo após o ponto final, próximo à estação Corinthians-Itaquera do metrô. O alvo era claro: o próprio motorista do coletivo, um estrangeiro de cerca de 60 anos, ficou sob ameaça por quase três horas, enquanto os demais passageiros foram liberados logo no início da ação.

O motivo do sequestro pegou até a polícia de surpresa. De um lado, fontes indicam que Adriano estaria descontente devido a pendências financeiras com a empresa após seu pedido de demissão, ocorrido há cerca de dois meses, depois de três anos de trabalho. De outro, autoridades evitam cravar a real motivação. Fato é que, ao longo do episódio, não houve violência contra o motorista ou outras pessoas ligadas ao caso. Segundo relatos, Adriano parecia querer mais ser ouvido do que provocar pânico — uma postura que, aliás, ganhou destaque quando ele exigiu atendimento jurídico antes de aceitar qualquer negociação.

Polícia se concentrou na negociação e evitou tragédia

No entorno do ônibus, que ficou rodeado por viaturas e policiais armados, o clima era de tensão. O cenário era típico de filme policial: sirenes ligadas, trânsito interditado, curiosos tentando captar imagens com o celular e um grande aparato das forças de segurança. O capitão Simões, da Polícia Militar, reforçou que a ordem era resolver tudo na base da conversa: “O objetivo da corporação é que os dois saiam ilesos dessa operação”, disse à imprensa enquanto o caso ainda se desenrolava.

A postura da polícia foi de total cautela. Equipe de negociação buscou contato constante por meio de telefone com Adriano, que mantinha o motorista encurralado no banco dianteiro. A cada rodada de diálogo, o clima dentro do ônibus parecia menos tenso, até que, pouco depois das 20h, o refém foi libertado sem qualquer ferimento. O fim da noite não poderia ter sido mais tranquilo para quem presenciou as horas de apreensão naquela esquina movimentada de Itaquera.

Apesar do alívio geral, muita gente ficou sem entender os detalhes do desfecho. Até agora, as autoridades não explicaram qual acusação recai sobre Adriano ou se ele permanecerá preso após o flagrante. Também não houve informações sobre eventuais recursos jurídicos solicitados ou se o ex-funcionário recebia algum tipo de atendimento psicológico. O sequestro de motorista de ônibus em plena hora do rush, ainda mais em um ponto tão movimentado, escancara fragilidades no acolhimento de trabalhadores em situação de conflito — e mostra os desafios para evitar, em outros casos, desfechos mais graves.

9 Comentários

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    Gabriel Felipe

    maio 2, 2025 AT 12:09
    Isso é o que acontece quando ninguém escuta quem tá no fundo do poço
    Esse cara só queria ser ouvido e acabou virando noticia nacional
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    Kaio Fidelis

    maio 3, 2025 AT 05:28
    Este episódio, embora aparentemente isolado, revela uma falha sistêmica estrutural no modelo de relação laboral no setor de transporte coletivo urbano, particularmente em megacidades como São Paulo, onde a ausência de canais formais de mediação psicossocial, combinada à precarização das condições de trabalho e à ausência de políticas de acolhimento pós-demissão, cria um terreno fértil para crises existenciais que, em casos extremos, se manifestam como atos de desespero performático - como o ocorrido aqui, onde a violência simbólica superou a física, e o diálogo substituiu a força, o que, por sinal, é um modelo de resolução de conflitos que deveria ser replicado em outros contextos de tensão social.
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    Thais Cely

    maio 4, 2025 AT 15:15
    EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO!!! 😭💔 O motorista tá bem? E o Adriano? Será que ele tem terapia? Eu tô chorando só de pensar... alguém pode me dizer se ele tá preso? 😥
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    Caroline Pires de Oliveira

    maio 4, 2025 AT 21:58
    A polícia fez o certo. Negociação é sempre a melhor opção quando não há risco iminente de morte. O problema é que esse tipo de situação acontece porque o sistema falhou antes. Trabalhador desempregado, sem suporte, sem orientação jurídica - isso não é crime, é negligência.
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    Andressa Sanches

    maio 5, 2025 AT 22:23
    A gente fala tanto sobre direitos humanos, mas quando o humano é um ex-funcionário de ônibus, parece que ele vira um número esquecido no sistema. Esse caso é um espelho. Mostra que a gente não sabe lidar com o sofrimento alheio até ele virar manchete. Será que, se ele tivesse tido um psicólogo no RH, isso teria acontecido? Ou só quando o cara pega uma faca é que a gente se lembra que ele é gente?
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    Michelly Braz

    maio 6, 2025 AT 20:58
    Outro cara que achou que segurar um ônibus era o jeito de reclamar da empresa. Se fosse eu, mandava um e-mail. Ou pelo menos pedia pra falar com o RH. Mas não, tem que virar filme da polícia.
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    Ciro Albarelli

    maio 8, 2025 AT 13:56
    Conforme as diretrizes da Política Nacional de Segurança Pública, a atuação da Corporação Militar foi plenamente alinhada aos princípios da proporcionalidade, da necessidade e da mínima intervenção. A ausência de uso da força, aliada à manutenção de canal de comunicação contínuo, demonstra maturidade institucional e respeito à integridade física dos envolvidos. Contudo, é imperativo que as empresas de transporte coletivo implementem, de forma obrigatória, programas de saúde mental e assistência jurídica aos colaboradores em processo de desligamento, conforme previsto na OIT C190.
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    Tiago Augusto Tiago Augusto

    maio 10, 2025 AT 07:30
    pqp esse cara só queria ser ouvido 😔
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    maria eduarda ribeiro

    maio 10, 2025 AT 10:30
    E agora? Vão botar um psicólogo em cada ônibus? Ou só quando alguém pega uma faca a gente se lembra que motorista é humano?

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